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nunca nada muda muito

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programa de mediação e escuta do território de campanhã

Escutar Azevedo é saber onde está. Não apenas como um lugar no mapa, mas como lugar feito de trajectos, visíveis e invisíveis.

Nunca Nada Muda Muito parte desta escuta, e de querer olhar para as mudanças de um território ao longo dos anos. O ponto de partida era este e para o concretizarmos decidimos ir ao encontro de pessoas que habitam o lugar. A aldeia. A cidade.

Quisemos olhar para o território através dos olhos de quem o vive desde que ali nasceu, mas também através do corpo de quem acabou de chegar.



O processo de escuta afastou-se logo desde o inicio da relação com as associações ou grupos organizados, para dar lugar ao conjunto de indivíduos. A provocação era esta pelas características do lugar, mas principalmente para que um processo de escuta não se esvaziasse na relação com o associativismo, que apesar da sua inestimável importância, não é um espelhamento de um lugar.

Mas criámos a utopia de definirmos Azevedo_Campanhã através das diferentes formas de o viver.

A primeira fase de escuta termina num encontro no cruzamento da Travessa da Aldeia, com a Rua de Azevedo, sempre com a cidade ao longe como pano de fundo. Escuta que deu lugar à fala e para isso marcámos uma conversa com moradores, os mais antigos como o Sr Fernando, e os acabados de chegar como a Ana Rosa, além dos preciosos contributos do Luis Aguiar Branco, arquiteto e investigador, Cláudia Costa, Chefe de Divisão da área de desenvolvimento e acção social da CMP e do Fernando Almeida e Rodrigo Malvar que através da PELE têm escutado e activado o território nos últimos tempos.

Falámos sobre Azevedo, sobre Campanhã, sobre o Porto mas sobretudo sobre mudança, futuro e passado. Sobre possibilidade.

O processo de escuta transformou-se também num objeto artístico (prática mediadora do território) um filme_concerto, feito das vozes, respirações e passos de quem fomos escutando. De um território.

E... assámos castanhas.
A escolha do lugar de activação em Azevedo foi simbólica a vários níveis:
Por um lado, a oportunidade de encontrarmos naquele cruzamento a perfeita consciência de aldeia na relação com a cidade a que pertence.

Por outro lado a riqueza da toponímia das ruas que muito diz sobre a história invisível de um lugar.
E por fim, a oportunidade de transformar um entroncamento de ruas numa praça onde as pessoas se encontraram, debateram e festejaram.
Muros transformados em pontes. Sem que os mesmos tivessem que ser derrubados fisicamente. O objectivo era este e não mudou quando Azevedo viajou até à CRL.
Continuámos a fazer da escuta o lugar de possibilidade e em diálogo com a Noeda_Campanhã criámos uma nova ponte muro.
Fomos à procura de novas vozes, outras coisas por dizer e criámos uma narrativa com os rostos e retratos de há 10 anos atrás. Fizemos de uma exposição de fotografia na rua a possibilidade do público imaginar as histórias de cada uma. As de antes e as de agora, confundindo-se.

Quisemos que o público também entrasse na casa das pessoas de Azevedo assim como nós o fizemos e para isso criámos os nossos “meta objetos”, caixas onde o público entrava. Quase toscos, quase de futuro. Quase... um quase que é como tinham que ser. Para que a narrativa não fosse apenas uma.
No fundo, quisemos olhar para Campanhã como olhamos para o Teatro: lugar de possibilidade.

Nunca Nada Muda Muito.
Aliás...
Nunca nada muda muito?


activação, escuta e músico ︎  Nuno Preto
escuta e músico ︎ Artur Carvalho
escuta e video ︎ Rita Soeiro
escuta e fotografia ︎ Paulo Pimenta
músico ︎ Samuel Martins Coelho
construção ︎ Pedro Guimaraes
pós_produção︎ Mário Santos


























︎ paulo pimenta